Como obedecer a um superior
cujos defeitos são patentes? O problema é complexo e infelizmente frequente...
Entretanto, há um princípio fundamental para ser sempre aplicado nos casos
concretos: é preciso procurar ver a Deus no superior com os olhos da fé,
lembrando-se que, na vida religiosa, ele representa Nosso Senhor Jesus Cristo.1
Exemplo da aplicação desse
princípio à vida cotidiana nos dá São Tomás de Aquino em um episódio pouco
conhecido. Sendo o turno dele de fazer a leitura no refeitório, aquele que
presidia a mesa lhe fez sinal, em determinado momento, para colocar um acento
sobre outra sílaba que não a correta. Se bem que sua pronúncia estivesse certa,
ele imediatamente retificou-a, acatando a vontade do superior.
Na recreação seus irmãos
comentaram que não deveria tê-lo feito, posto que evidentemente ele estava com
a razão. Mas, São Tomás respondeu: “É pouco importante pronunciar uma palavra
dessa ou daquela maneira, mas é sempre importante a um religioso exercer a
obediência e a humildade”.2
São Luís Gonzaga, por sua vez,
não se permitia uma ação, mesmo ínfima, contra uma ordem de seus superiores.
Certo dia em que lhe impuseram um afazer, no momento de forte atração à oração
e à meditação, disse a Deus de um modo filial: “Ide, Senhor, a fim de que eu
possa obedecer a meu superior”.3
E Santa Teresa de Ávila dizia
que nunca agiria contra uma ordem, mesmo se um Anjo pretendesse liberá-la da
obrigação da obediência.4
1 ROYO MARIN, OP,
Antonio. La vida religiosa. 2.ed. Madrid: BAC, 1968,
p.332.
2 SCHÉRER, OSB, Augustin; LAMPERT, OSB, Johannes B. (Ed.). Dictionnaire
d’exemples a l’usage des prédicateurs et des catéchistes. Tournai/Paris:
Casterman, 1936, t.V, p.75.
3 Idem, p.74.
4 Cf. Idem, p.73.
Revista Arautos nov 2013
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