Era uma
Senhora vestida de branco, mais brilhante que o sol, espargindo luz mais clara e intensa
que um copo de cristal cheio de água cristalina, atravessado pelos raios
do
sol mais ardente. Seu semblante era de uma inenarrável beleza, nem triste, nem alegre,
mas sério, talvez com uma suave expressão de ligeira censura...
13
de maio de 1917. Lúcia de Jesus, 10 anos, Francisco Marto, 9 anos e Jacinta
Marto, 7 anos, após a Missa na igreja de Aljustrel, lugarejo de Fátima, foram
pastorear o rebanho de ovelhas nas terras do pai de Lúcia, na Cova da Iria.
Após
um como que clarão de relâmpago, num céu luminoso e sereno, sobre uma
carrasqueira de metro e pouco de altura apareceu-lhes a Mãe de Deus.
Segundo
as descrições da Irmã Lúcia, era “uma Senhora vestida toda de branco, mais
brilhante que o sol, espargindo luz mais clara e intensa que um copo de cristal
cheio de água cristalina,
atravessado pelos raios do sol mais ardente”. Seu semblante era de uma
inenarrável beleza, nem triste, nem alegre, mas sério, talvez com uma suave
expressão de ligeira censura. Como descrever em pormenores seus traços? De que
cor os olhos, os cabelos dessa figura celestial? Lúcia
nunca o soube dizer ao certo!
O
vestido, mais alvo que a própria neve, parecia tecido de luz. Tinha as mangas
relativamente estreitas e era fechado no pescoço, descendo até os pés, os
quais, envolvidos por uma tênue nuvem, mal eram vistos roçando as franças da
azinheira. Um manto lhe cobria a cabeça, também branco e orlado de ouro, do
mesmo comprimento que o vestido, envolvendo-lhe quase todo o corpo. “As mãos,
trazia-as juntas em oração, apoiadas no peito, e da direita pendia um lindo
rosário de contas brilhantes como pérolas, terminando por uma cruzinha de
vivíssima luz prateada. [Como] único adereço, um fino colar de ouro-luz,
pendente sobre o peito, e rematado, quase à cintura, por uma pequena esfera do
mesmo metal”
Nesta
primeira aparição, Nossa Senhora pede aos 3 pastorinhos que venham seis meses
seguidos, no dia 13, à mesma hora. E diz que ainda viria uma sétima vez.
“Quereis
oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser
enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido, e de
suplica pela conversão dos pecadores?
À
resposta afirmativa das crianças, Ela acrescentou: “Ides, pois, ter muito que
sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto”.
Foi
ao pronunciar estas últimas palavras (‘a graça de Deus…’, etc.), que abriu pela
primeira vez as mãos, comunicando-nos uma luz tão intensa, como que reflexo que
delas expedia, que nos penetrava no peito e no mais íntimo da alma, fazendo-nos
ver a nós mesmos em Deus, que era essa luz, mais claramente do que nos vemos no
melhor dos espelhos. Então, por um impulso ín¬timo, também comunicado, caímos
de joelhos e repetíamos intimamente: ‘Ó Santíssima Trindade, eu Vos adoro. Meu
Deus, meu Deus, eu Vos amo no Santíssimo Sacramento’.
Passados
os primeiros momentos, Nossa Senhora acrescentou: ‘Rezem o Terço todos os dias
para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra’.
E
Nossa Senhora se elevou serenamente, subindo em direção ao nascente, até
desaparecer no Céu.
A
celeste Mensageira havia produzido nas crianças uma deliciosa impressão de paz
e de alegria radiante, de leveza e liberdade. Parecia-lhes que poderiam voar
como os pássaros. De tempos em tempos, o silêncio em que tinham caído era
cortado por esta jubilosa exclamação de Jacinta:
-
Ai! que Senhora tão bonita! Ai! que Senhora tão bonita!
Nas
aparições, a Virgem Santíssima falou apenas com Lúcia, Jacinta só ouvia o que
Ela dizia e Francisco não A ouvia mas apenas via.
A
segunda aparição: 13 de junho
Já
com a presença de 50 pessoas na Cova da Iria, os 3 pastorinhos viram de novo o
reflexo da luz (a que chamavam relâmpago) que se aproximou da carrasqueira.
Nossa Senhora queria que voltassem no próximo dia 13, que rezassem o Terço
todos os dias e aprendessem a ler.
Lúcia
pede para que Ela os leve para o Céu. “Sim, à Jacinta e ao Francisco levo-os em
breve. Mas tu ficas cá mais algum tempo. Jesus quer servir-se de ti para Me
fazer conhecer e amar.
Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração. A quem a
abraçar, prometo a salvação; e serão queridas de Deus estas almas, como flores
postas por Mim a adornar o seu trono”.
A
Virgem anima Lúcia, dizendo que nunca a deixará. “O meu Imaculado Coração será
o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus.”
De
novo, abriu as mãos e lhes comunicou o reflexo de intensa luz, como que
submergindo-os em Deus. E na palma da mão direita de Maria estava um Coração
cercado de espinhos que pareciam estar nele cravados. Era o Imaculado Coração
de Maria ultrajado pelos pecados da humanidade, querendo reparação! Aos poucos
essa visão se esvaeceu diante das vistas enlevadas dos três pastorinhos.
E
Nossa Senhora, resplandescente de luz, subiu suavemente para o leste, até
desaparecer.
Terceira
aparição: 13 de julho
Lúcia,
até a tarde do dia anterior, estava resolvida a não comparecer à Cova da Iria.
Mas, ao se aproximar a hora, numa sexta-feira, sentiu-se impelida por uma força
estranha, à qual não lhe era fácil resistir. Foi ter com os primos, aos quais
encontrou no quarto, de joelhos, chorando e rezando pois não queriam ir sem
Lúcia. As três crianças, então, se puseram a caminho.
Chegando
ao local da aparições, surpreenderam-se com mais de 2 mil pessoas aguardando o
extraordinário acontecimento. O pai de Francisco e Jacinta, Sr. Marto, narrou
ter visto uma nuvenzinha acinzentada pairar sobre a azinheira, enquanto o sol
se turvava e fresca aragem soprava…
“Quero
que venham aqui no dia 13 do mês que vem; que continuem a rezar o Terço todos
os dias em honra de Nossa Senhora do Rosário, para obter a paz do mundo e o fim
da guerra, porque só Ela lhes poderá valer”.
E
Lúcia revela que Nossa Senhora pediu para eles se sacrificarem pelos pecadores
e dizerem muitas vezes, em especial sempre que fizerem algum sacrifício:
“Ó
Jesus, é por Vosso amor, pela conversão dos pecadores, e em reparação pelos
pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria”.
Maria
Santíssima revela, então, aos 3 pastorinhos a primeira parte do segredo de
Fátima: a visão do inferno; a segunda parte do segredo: o anúncio do Castigo e
dos meios para evitá-lo. A terceira parte do segredo
permaneceu desconhecida até 26 de junho de 2000. Nesta data, foi ela divulgada
por determinação de S.S. o Papa João Paulo II.
Nossa
Senhora, então, elevou-se em direção ao nascente, até desaparecer no
firmamento. O final da aparição, segundo Sr. Marto, foi indicado por uma
espécie de trovão.
Quarta
aparição: 15 de agosto
Às
vésperas da data, os 3 pastorinhos foram sequestrados e mantidos por 3 dias sob
vigilância pelo Administrador de Ourém, que lhes desejava arrancar os segredos
a eles confiados. Assim, não puderam comparecer à Cova da Iria, no dia 13 de
agosto. Alguns dos presentes, no local, testemunharam ter ocorrido o trovão, o
relâmpago e o surgimento da pequena nuvem, leve, branca e bonita, pairando
sobre a azinheira. E que, depois, subiu e desapareceu no céu.
Libertos
e estando, em 15 de agosto, a pastorear em Valinhos, Lúcia e Jacinto sentiram
algo sobrenatural que os envolvia… E mandaram que João, irmão de Jacinta, fosse
chamá-la. Lúcia e Francisco viram o reflexo da luz como um relâmpago e, chegada
a Jacinta, logo, Nossa Senhora apareceu sobre a carrasqueira. Ela queria que
viessem no próximo dia 13 e que rezassem o Terço todos os dias.
“No
último mês farei o milagre para que todos acreditem.” prometeu a Virgem.
Mandou
que fossem feitos dois andores para a festa de Nossa Senhora do Rosário com o
dinheiro deixado pelo povo na Cova da Iria. O
restante seria usado para ajudar na capela que
mandariam fazer. E, tomando um aspecto mais triste, acrescentou:
“Rezai,
rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o
Inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas”. - E Nossa
Senhora se retira em direção ao nascente, como das outras vezes. Durante
longos minutos os pastorinhos permaneceram em estado de êxtase. Sentiam-se
invadidos por uma alegria inigualável, após tantos sofrimentos e temores
Quinta
aparição: 13 de setembro
Nesse
dia, 15 a 20 mil pessoas, e talvez mais, acorreram à Cova da Iria. Todos
queriam ver, falar e fazer pedidos às crianças para que apresentassem à Virgem.
Junto à carrasqueira, começaram a rezar o Terço com o povo, até que num reflexo
de luz Nossa Senhora apareceu sobre a azinheira.
“Continuem
a rezar o Terço para alcançarem o fim da guerra. Em outubro virá também Nosso
Senhor, Nossa Senhora das Dores e do Carmo, São José com o Menino Jesus, para
abençoarem o mundo. Deus está contente com os vossos sacrifícios, mas não quer
que durmais com a corda [cilício], trazei-a só durante o dia”.
Segundo
o testemunho de alguns espectadores, por ocasião dessa visita de Nossa Senhora,
como das outras vezes, ocorreram diversos fenômenos atmosféricos. Observaram “à
distância aparente de um metro do sol, um globo luminoso, que em breve começou
a descer em direção ao poente e, da linha do horizonte, voltou a subir
de novo em direção ao sol”. Além disso, a atmosfera tomou uma cor
amarelada, verificando-se uma diminuição da luz solar, tão grande que permitia
ver a lua e as estrelas; uma nuvenzinha branca, visível até o extremo da Cova,
envolvia a azinheira e com ela os videntes. Do céu choviam como que pétalas de
rosas ou flocos de neve, que se desfaziam pouco acima das cabeças dos
peregrinos, sem deixar-se tocar ou colher por ninguém”.
Ainda
que breve, a aparição de Nossa Senhora deixou os pequenos videntes felicíssimos,
consolados e fortalecidos em sua fé. Francisco, de modo especial, sentia-se
transportado de alegria com a perspectiva de ver, dali a um mês, Nosso Senhor
Jesus Cristo, conforme lhes prometera a Rainha do Céu e da Terra.
Sexta
e última aparição: 13 de outubro de 1917
Já
era o outono. Uma chuva persistente e forte transformara a Cova da Iria num
lamaçal e encharcava a multidão de 50 a 70 mil peregrinos, vindos de todos os
cantos de Portugal. Assim que chegaram os videntes, Lúcia pediu que fechassem
os guarda-chuvas para rezarem o Terço. E, pouco depois, houve o reflexo de luz
e Nossa Senhora apareceu sobre a carrasqueira.
“Quero
dizer-te que façam aqui uma capela em minha honra, que sou a Senhora do
Rosário, que continuem sempre a rezar o Terço todos os dias. A guerra vai
acabar e os militares voltarão em breve para suas casas.”
Ao
pedido de cura para uns doentes e conversão para alguns pecadores, Nossa
Senhora respondeu:
“Uns
sim, outros não. É preciso que se emendem, que peçam perdão dos seus pecados”.
E
tomando um aspecto triste, Ela acrescentou:
“Não
ofendam mais a Deus Nosso Senhor que já está muito ofendido”.
E,
abrindo as mãos, fê-las refletir no sol, e enquanto Se elevava, continuava o
reflexo da
sua própria luz a projetar-se no sol
Visões
de cenas simbolizando os Mistérios gozosos, dolorosos e gloriosos do Rosário
Chovera
durante toda a aparição. Lúcia, no término de seu colóquio com Nossa Senhora,
gritara para o povo: “Olhem para o sol!” Rasgam-se as nuvens, e o sol aparece
como um imenso disco de prata. Apesar de seu intenso brilho, pode ser olhado
diretamente sem ferir a vista. As pessoas o contemplam absortas quando, de
súbito, o astro se põe a “bailar”. Gira rapidamente como uma gigantesca roda de
fogo. Pára de repente, para dentro em pouco recomeçar o giro sobre si mesmo
numa espantosa velocidade. Finalmente, num turbilhão vertiginoso, seus bordos
adquirem uma cor escarlate, espargindo chamas vermelhas em todas as direções.
Esses fachos refletem-se no solo, nas árvores, nos arbustos, nas faces voltadas
para o céu, reluzindo com todas as cores do arco-íris. O disco de fogo rodopia
loucamente três vezes, com cores cada vez mais intensas, treme espantosamente
e, descrevendo um ziguezague descomunal, precipita-se em direção à multidão
aterrorizada. Um único e imenso grito escapa de todas as bocas. Todos caem de
joelhos na lama e pensam que vão ser consumidos pelo fogo. Muitos rezam em voz
alta o ato de contrição. Pouco a pouco, o sol começa a se elevar traçando o
mesmo ziguezague, até o ponto do horizonte de onde havia descido. Torna-se
então impossível fitá-lo. É novamente o sol normal de todos os dias. O
ciclo das visões de Fátima estava encerrado.
Os
prodígios haviam durado cerca de 10 minutos. Todos se entreolhavam
perturbados.Depois, a alegria explodiu: “O milagre! As crianças tinham razão!”
Os gritos de entusiasmo ecoavam pelas colinas adjacentes, e muitos notavam que
sua roupa, encharcada alguns minutos antes, estava completamente seca.
O
milagre do sol pôde ser observado a uma distância de até 40 quilômetros do
local das aparições.
A
promessa da sétima vinda de Nossa Senhora
Em
sua primeira aparição, a Santíssima Virgem pediu aos 3 pastorinhos que viessem
à Cova da Iria seis meses seguidos. E acrescentou: “Depois
voltarei ainda aqui uma sétima vez”.
Seguiram-se
as seis aparições, segundo o relato da Irmã Lúcia, pairando o mistério sobre a
sétima aparição…
Estará,
esta, ligada à promessa do triunfo de Seu Imaculado Coração? Esse triunfo, sem
dúvida, configura uma suprema e altíssima esperança para os dias de hoje!
Fátima, queiramos ou não, tornou-se com a promessa “Por fim meu Imaculado
Coração triunfará” o ponto de referência essencial, indispensável, para nossa
vida e para o mundo contemporâneo.
Fátima,
inegavelmente, é a aurora do terceiro milênio!
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