Pe Ricardo Basso, EP
Um pouco mais
cedo ou um pouco mais tarde, toda criança faz esta pergunta. E os pais podem
responder facilmente a seus filhos, contando-lhes a bela vida de São Nicolau.
Aproxima-se o
Natal!
Nos centros
comerciais vê-se freqüentemente um personagem com trajes de cores vivas,
despertando a curiosidade geral e, nas crianças, a alegre expectativa dos
presentes e das guloseimas. É o Papai Noel. Como surgiu essa tradição?
Na realidade,
existiu uma pessoa muito mais importante do que o lendário Papai Noel. Foi São
Nicolau, Bispo de Mira, na Turquia, falecido em 324.
Este grande Santo
é apresentado indo de casa em casa, levando presentes para as crianças piedosas
e bem comportadas. Narrando aos filhos sua bela vida, os pais despertam nas
almas infantis o senso do maravilhoso e estimulam a prática da virtude. Com a
vantagem de que, neste caso, a realidade supera a lenda.
Poucos santos
gozam de tanta popularidade, e a poucos são atribuídos tantos milagres. Dele,
São João Damasceno fez o seguinte elogio: “Todo o universo tem em ti um pronto
auxílio nas aflições, um encorajamento nas tristezas, uma consolação nas
calamidades, um defensor nas tentações, um remédio salutaríssimo nas
enfermidades”.
Nicolau era
bastante jovem quando perdeu seus pais, herdando deles uma imensa fortuna que
lhe possibilitou praticar a caridade em grande escala.
Um dia, soube
de três moças que, por serem pobres, não encontravam pretendentes para
casamento, e o pai pretendia encaminhá-las para uma má vida. Nicolau foi,
então, de noite, e atirou para dentro do quarto do homem uma bolsa com moedas
de ouro. Poucos dias depois, casava-se a filha mais velha. Repetiu Nicolau o
gesto e, logo após, casava-se a segunda filha.
No momento em
que ele se preparava para atirar pela terceira vez o dinheiro, foi descoberto.
Saindo das sombras onde estava escondido, o pai lançouse aos pés de seu
benfeitor, chorando de arrependimento e gratidão. Desde então, não se cansou de
apregoar por toda parte os favores recebidos.
Em outra
ocasião, ao embarcar em um navio, avisou ao comandante que teriam violenta
tempestade pelo caminho. O velho lobo-domar recebeu com irônico sorriso essa
previsão de um simples passageiro.
A tempestade,
porém, não tardou. E tão terrível que todos acreditaram ter chegado o seu fim.
Ao saberem que um passageiro havia previsto o que estava acontecendo, correram
para ele, pedindo socorro. Nicolau rogou a Deus, e logo cessou a tempestade,
acalmou-se o mar e o sol apareceu resplandecente...
Tornou-se,
assim, o patrono dos marinheiros, que o invocam nos momentos de perigo.
São Boaventura
narra que em uma estalagem o dono havia assassinado dois estudantes para se
apoderar de seu dinheiro. Horrorizado por esse hediondo crime, São Nicolau
ressuscitou os jovens e converteu o assassino.
No dia em que
foi sagrado Bispo de Mira, mal acabara a cerimônia, uma mulher atirou-se a seus
pés, com um menino nos braços, suplicando: “Dai vida a meu filhinho! Ele caiu
no fogo e teve morte horrível. Tende pena de mim. Dai-lhe a vida!”
Emocionado e
compadecido das dores daquela mãe, fez o sinal-da-cruz sobre o menino que
ressuscitou na presença de todos os fiéis presentes à cerimônia de sagração.
Em alguns
países da Europa, é costume as pessoas trocarem presentes no dia de sua festa,
6 de dezembro.
A nós, também,
São Nicolau não deixará de atender em nossas necessidades.
Peçamos-lhe,
pois, não apenas os bens materiais, mas, sobretudo, grandes dons espirituais.
Que ele obtenha da Santíssima Virgem e de São José a graça de, neste Natal,
nascer em nossas almas o Menino Jesus — o maior presente dado aos homens —, a
fim de chegarmos à Pátria celeste, para a qual fomos criados.
Revista Arautos n.24, dez 2003
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