No dia 8 de Setembro,
comemora-se a padroeira da Cidade de Curitiba: Nossa Senhora da Luz dos Pinhas
de Curitiba. Escutamos muitas vezes essa invocação, mas será que todos conhecem
sua história?
Narraremos a seguir como surgiu essa invocação.
Postado à entrada do grandioso
Templo de Jerusalém, o velho Simeão aguardou durante toda a sua vida o momento
no qual poderia ver com seus próprios olhos o Messias tão esperado. Sua fé por
fim foi premiada, e no feliz dia em que pôde ter em seus braços o Divino Menino
Jesus, voltou a face aos céus e proclamou agradecido: “Os meus olhos viram a vossa salvação (...) luz para iluminar as nações,
e para a glória de vosso povo Israel” (Lc 2, 30-32).
O venerável ancião falava com
toda a propriedade. O Messias possuía em Si essa sobrenatural e magnífica Luz
cujos raios haveriam de penetrar os confins de toda a terra, conquistando as
nações, expulsando os demônios, e por fim abrindo aos homens as portas dos
Céus.
E que se poderia dizer da Mulher
escolhida por Deus para trazer ao mundo tal Luz? Séculos antes, Ela havia sido anunciada pelo grande
profeta Isaías: “Eis que uma Virgem
conceberá e dará à luz um filho, que se chamará Emanuel, cujo significado é:
Deus conosco” (Is 7,14; Mt 4,16).
Sendo a portadora desta Luz de
valor infinito, com muita razão os homens, nos séculos vindouros, A venerariam
sob a bela invocação de Nossa Senhora da Luz. E foi sobretudo no Portugal do
século XV que essa devoção floresceu e dali se difundiu para além-mar.
A protetora de um pobre cativo
Pedro Martins, simples
agricultor da pequena vila portuguesa de Carnide, levava uma existência
tranquila com sua esposa. Mas eram turbulentos os tempos em que viviam. As
crônicas não relatam exatamente como, mas ele teve o infortúnio de cair
prisioneiro dos mouros da África.
Do ambiente de afeto de sua
família, caiu na desgraçada condição de escravo, sujeito a um regime sem
compaixão de trabalhos pesados, sob clima atroz e, sobretudo, privado por
completo do conforto da religião cristã. Passavam-se os anos, e nenhuma
esperança humana restava ao infeliz cativo. Vendo-se de tal modo desamparado
pelos homens, Pedro Martins se voltou então, com mais intensidade do que nunca,
para Deus.
Numa noite, isolado em sua
cela, resolveu rezar com mais fervor e fé.
Após horas de oração, vencido pelo sono, adormeceu. Então apareceu-lhe
em sonho uma Senhora cheia de luz, a qual lhe prometeu voltar mais vezes para
consolá-lo e, após sua última visita, fazê-lo voltar para Carnide. Acrescentou
que, lá chegando, ele deveria procurar algo que pertencia a Ela e fora
escondido perto de uma fonte. Deu-lhe também a incumbência de ali edificar uma
capela, cuja localização exata Ela lhe indicaria por meio de uma luz.
Trinta noites consecutivas
passou ele consolado pela própria Mãe de Deus! As dores sofridas durante o dia
se desvaneciam pela luz e a suavidade das horas passadas aos pés de Maria. No
entanto, ele continuava cativo. Ao despertar da trigésima noite, oh surpresa!
De modo milagroso e inesperado, estava ele de volta em sua boa aldeia. Tomado
de emoção, encontrou-se com os seus entes amados, os quais muito se admiravam
por vê-lo salvo.
Mas ele não se esqueceu do
pedido da Virgem, e logo se pôs a procurar aquilo que, segundo a indicação
d’Ela, tinha sido escondido “perto de uma fonte”. Na verdade, num local chamado
Fonte do Machado, há tempos uma luz misteriosa andava aparecendo, e de toda
parte vinha gente curiosa para ver tal fenômeno. Decidiu então Pedro ir à
noite, acompanhado de um primo, para ali fazer a busca. Realmente, ao chegar à
fonte avistaram uma luz a se mover diante deles. Seguiram-na até um matagal, e
ela parou sobre umas pedras. Eles não pensaram duas vezes. Retiraram as pedras
e com encanto se depararam com uma lindíssima imagem de Nossa Senhora. A
notícia dessa milagrosa descoberta correu por todo o país, e naquele mesmo ano
— 1463 — deu-se início à construção de uma capela, conforme fora ordenado pela
Santíssima Virgem.
Anos mais tarde, ela seria
substituída por uma magnífica igreja.
Mas, e em Curitiba, como e quando começou a devoção a Nossa Senhora da Luz?
Leiam no próximo post…
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