Pe Edwaldo Marques, EP
Meu pai está deprimido”. “Minha tia está com depressão”. “Meu
amigo está com o mesmo mal”. “Estou em tratamento médico pois sofro de forte
depressão”. “Meu colega está com uma depressão tão forte que tentou o
suicídio”.
Quem não ouviu alguma frase destas nos seus círculos
familiares ou em outros ambientes? Cremos que bem poucos não terão ouvido.
Esse mal avança com a força de uma epidemia. E vai fazendo
cada vez mais vítimas, sobretudo nos países considerados civilizados. O que era
antes um “privilégio” da idade madura, foi pouco a pouco atingindo as gerações
mais novas para finalmente chegar à infância.
Amitriptilina, nortriptilina, imipramina, mirtazapina,
paroxetina, venlafaxina, sertralina, fluoxetina, clormipramina, entre outros,
compõem a relação de anti-depressivos, aos quais dever-se-ia acrescentar uma
enorme lista de tranqüilizantes que com eles constituem o grande arsenal
anti-depressão. O arsenal cresce continuamente... a depressão também. Esses
medicamentos resolvem o problema? Num certo número de casos, certamente, com a
ajuda de aconselhamento médico, psicológico e outras medidas.
Cabe, porém, aqui uma pergunta: qual a causa mais profunda de
tão grande mal?
A resposta não é simples. Muitas vezes essa enfermidade
poderá ter raízes genéticas, orgânicas ou psicológicas que, uma vez
diagnosticadas, poderão e deverão ter o tratamento adequado.
A nosso ver, a depressão, nuvem negra que vai cobrindo o mundo,
tem como causa, na quase totalidade de suas vítimas, uma imensa crise de afeto,
que por sua vez se origina no fato de que Deus vem sendo, paulatina e
inexoravelmente, expulso da Terra. Onde não há amor de Deus, não pode haver
verdadeiro amor ao próximo. A falta de afeto mútuo se instalou nas famílias,
nas escolas, nos ambientes de trabalho, onde quer que seja.
Nos primeiros tempos da Igreja, causava nos pagãos extrema
admiração — e serviu para converter multidões — o modo profundamente caridoso
de os cristãos se tratarem uns aos outros. E esses pagãos exclamavam: “Vede como
eles se amam”. Hoje em dia, quase se poderia substituir esta frase por outra:
“vede como eles se desamam”.
O sentir-se objeto de afeto, de afeto verdadeiro, que tem seu
fundamento em Deus, é algo absolutamente necessário para o equilíbrio do ser
humano.
“Está certo”, dirá alguém deprimido que lê estas linhas, “mas
para a solução do meu problema individual, onde buscar o remédio, agora, já,
neste instante?”
É preciso amar a Deus, seguir os seus Mandamentos, recorrer à
sua Santíssima Mãe. Porém, isto não basta. É preciso crer, no mais íntimo da
alma, com convicção profunda, ainda que a sensibilidade nada nos diga, que Deus
nos ama, e nos ama com amor infinito. É preciso crer da mesma maneira, sem
nunca duvidar, ainda que seja em meio à maior aridez, que Maria, a manifestação
mais sublime da misericórdia divina, nos ama com um amor insondável.
Ainda que ninguém nos amasse (o que provavelmente não é verdadeiro,
pois o afeto, apesar de tudo, ainda não desapareceu totalmente do mundo), Deus
nos ama, Maria nos ama.
O remédio que propomos é de uso interno e contínuo. Interno,
no caso, quer dizer que deve atingir o mais fundo do coração. Justificando o
título deste artigo, aqui vai a receita anunciada:
Uso interno:
Meu Jesus, eu vos amo com
todas as forças de minha alma, e sei que sou infinitamente amado por Vós.
Maria, minha Mãe, eu vos amo
com todas as forças de minha alma, e sei que sou insondavelmente amado por Vós.
Repetir três vezes, ao dia
(manhã, tarde e noite) até o desaparecimento dos sintomas.
(Texto extraído da Revista Arautos do Evangelho 6, junho 2002)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui seu comentário