“A limpeza é o luxo do pobre ”,
dizia a si mesmo ,
enquanto trabalhava com
redobrado empenho ,
por tratar-se do culto
a Nosso Senhor .
Na vida de voluntária
pobreza , abraçada por
amor a Ele ,
queria servi-Lo da forma mais
excelente , pois , além do senso
do dever , brilhava na alma
de Frei Martinho uma profunda devoção
a Jesus Eucarístico.
Aproximava-se, por
aqueles dias ,
a festa do Padroeiro
do convento . Frei
Martinho estava encarregado de preparar as alfaias
litúrgicas e decorar a igreja
para a Missa solene . Sempre ativo e dedicado, conseguira belas flores para ornar
o altar , o que
não era
fácil naquela estação
do ano .
Começava a cair
a tarde quando
entraram numa pequena capela próxima
do lugar onde
estavam. Ali pediram com muita confiança à Virgem
Maria que os ajudasse não só a obter os mantimentos
necessários para
a comunidade , mas
também a retornar
a tempo para
assistir à Missa
e receber o Corpo
de Jesus.
— Meus bons frades , os
senhores parecem preocupados... Precisam
de alguma ajuda ?
— Vejam como
Nossa Senhora
é boa por fazer-me passar
por esta rua
justamente agora !
Aqui está um
saco com
batatas , cenouras ,
rabanetes e tomates .
E neste outro estão dois
grandes pernis. Agora
entendo por que
não consegui vender
tudo na feira ...
É que Nossa
Senhora decidiu reservar
isto para
o convento . Pois
bem , podem levar
tudo . Dou de muito
bom gosto .
Os dois frades agradeceram de coração
ao generoso camponês ,
prometeram-lhe orações por ele e sua família , e
tomaram alegres o caminho
de volta . Contudo ,
era longa
a distância a percorrer
e chegaram ao convento quase no fim da
tarde . Entregaram as provisões ao irmão
cozinheiro , limparam-se da poeira do caminho
e rumaram apressadamente para a igreja , onde ainda
ressoavam as melodias eucarísticas.
Consternados, puseram-se de joelhos
aos pés do tabernáculo
e fizeram a Jesus um amoroso queixume :
— Senhor , por que nos abandonastes? Quanto
queríamos participar desta Missa ! Entretanto ,
por amor
à obediência , ficamos privados de Vos
receber na Eucaristia !
Aos poucos ,
a igreja foi se esvaziando, mas os dois religiosos
lá ficaram em
oração . De repente ,
viram surgir no presbitério
um varão
alto , cheio
de nobreza e com uma fisionomia reluzente .
— A Rainha
do Céu ouviu comprazida vossas súplicas — disse ele
— e mandou-me para atendê-las.
Ajoelhai-vos junto à mesa da Comunhão
e preparai os vossos corações para receber dignamente
seu Divino
Filho .
O Anjo de luz abriu o sacrário ,
tomou o cibório e ministrou-lhes a Sagrada
Comunhão . Depois
fez um curto
ato de Adoração ao Santíssimo
Sacramento , recolocou-O no tabernáculo,
e desapareceu.
Irmã Ana Rafaela Maragno, EP - Revista arautos do Evangelho n.105 set 2010
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