Em uma
exposição para os pais das jovens que frequentam o centro juvenil dos Arautos
do Evangelho em Curitiba, mostrou-se a misericórdia incomensurável de Nossa
Senhora que, atendendo à uma
pequena manifestação de piedade
filial, é capaz de fazer as coisas mais extraordinárias; exemplificada através
da narração intercalada com encenações teatrais (adaptadas) da história do monge Teófilo
que apresentamos a seguir:
Vigário
da Igreja de Adanas, na Sicília, Teófilo dirigia durante muito tempo, com
dedicação e acerto, os bens eclesiásticos. Um dia o Bispo veio a falecer e o
povo queria Teófilo para Bispo, dignidade que ele por humildade
recusou, respondendo que sua vocação era continuar exercendo as funções de
vigário. Por fim, outro bispo ocupou a
sede vacante.
Tempos
depois, porém, falsas acusações lhe valeram a deposição do cargo. Cego de
indignação foi procurar um feiticeiro que o colocou em contato com Satanás.
O demônio
lhe disse que, se desejava a sua ajuda, devia renunciar à Fé, à Igreja, à
Santíssima Virgem e a Nosso Senhor Jesus Cristo e entregar-lhe o texto de
renúncia escrito de seu próprio punho
Teófilo
vacilou por um instante. Porém o ressentimento lhe corroía o coração, e acabou
aceitando a proposta.
No dia
seguinte, o Bispo dando-se conta da injustiça que lhe fizera, pediu perdão a
Teófilo e o restituiu no cargo.
Teófilo
tinha então fortuna e prazer, mas um
profundo remorso pelo pecado cometido o atormentava no interior e chorava sem
cessar.
Finalmente,
não podendo suportar mais tal situação, entrou um dia na igreja, e lançando-se
aos pés de uma imagem da Santíssima Virgem, chorou amargamente e lhe disse:
— Ó Mãe
de Deus, não quero desesperar-me. Ainda Vós me restais, Vós que sois tão
compassiva e poderosa para me ajudar.
Assim
passou 40 dias a rezar e a implorar o auxílio da Santíssima Virgem. Uma noite
apareceu-lhe a Mãe de Misericórdia e disse-lhe:
—
Teófilo, o que fizeste? Renunciaste à minha amizade e à de meu Filho. E por
quem? Pelo meu inimigo, e teu também.
Teófilo,
sem deixar de chorar, implorou a misericórdia da Mãe de Deus.
—
Consola-te, que vou rogar a Deus por ti.
Reanimado
por essa promessa, Teófilo redobrou a penitência, a oração e as lágrimas, conservando-se
sempre aos pés da imagem de Maria.
Nossa
Senhora apareceu-lhe e amavelmente lhe
disse:
—
Teófilo, enche-te de consolação. Apresentei a Deus tuas lágrimas e orações e
Ele as aceitou e te perdoou. Mas de hoje em diante, sê mais grato e fiel.
O
infeliz replicou:
—
Senhora, ainda não estou plenamente consolado. O demônio tem ainda com ele
aquele documento horrível pelo qual renunciei a Vós e ao vosso Divino Filho. Podeis
fazer que mo restitua?
Durante
três dias Teófilo aguardou prostrado em terra, ao cabo dos quais reapareceu a
Virgem trazendo o pacto maldito, que entregou a Teófilo como símbolo do seu
perdão.
Sem
perda de tempo, foi Teófilo à Igreja, e
ajoelhando-se aos pés do bispo, narrou todo o acontecido e lhe entregou o
nefando documento. O bispo o fez queimar imediatamente diante dos
fiéis presentes, exaltando a bondade de
Deus e a misericórdia de Maria para aquele pobre pecador.
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