• quarta-feira, 6 de novembro de 2013

    Apresentações Teatrais






























    O centro juvenil dos Arautos, durante o final de semana, recebeu vários familiares que vieram assistir às apresentações teatrais de suas filhas. Estas apresentaram as histórias: "Ramos seco florido" (a narração dessa história encontra-se abaixo) , "A flor da sinceridade" e o "Gato de botas", sendo este ultimo realizado em fantoches, fazendo reviver aos mais velhos a sua infância, e confirmando a inocência dos mais novos.
    No final foi servida uma deliciosa pizza, onde todos puderam conviver e relembrar as encenações apresentadas naquele dia. 








     



    O ramo seco florido
    Ir. Maria Teresa Ribeiro Matos, EP
    Há muito tempo, numa cidadezinha do antigo Reino da Baviera vivia o Conde Guilherme, nobre de corpo e de alma, possuidor de grande fortuna. Católico exemplar, tudo fazia para louvar a Deus: não faltava à Missa um dia sequer, cumpria todos os Mandamentos, dava esmolas aos pobres e protegia os desamparados. Sobretudo, queria ter sempre sua alma branca como a neve e por isso confessava com verdadeiro arrependimento todas as suas faltas, por menores que parecessem.
    Certo dia, passeando pelo seu vasto trigal, alegrou-se muito ao ver como estava crescido. As belas espigas ondulavam ao sopro da brisa e brilhavam como milhões de pedacinhos de ouro cobrindo todo o campo. Entretanto, divisou ele no fundo daquele imenso tapete dourado uma larga mancha escura. Que seria aquilo?
    Logo constatou tratar-se de um monte de troncos e galhos secos esmagando parte de sua plantação. Quem o teria posto aí? Seu vizinho? Sim, só poderia ter sido ele, concluiu o conde, um tanto apressadamente. Sem pensar duas vezes, chamou alguns empregados e mandou que jogassem no trigal do vizinho todos aqueles troncos e ramos. Isto feito, voltou para seu castelo e esqueceu-se do caso.
    * * *
    Chegado o tempo, a colheita foi excelente: os celeiros do conde se abarrotaram de trigo. Um peso de consciência, porém, lhe turvava a alegria: o pequeno trigal do vizinho, pensava ele, com certeza tinha produzido menos do que poderia, por causa do monte de lenha seca ali jogado por sua ordem. Como pudera ele, dono de imensas plantações, fazer essa maldade com o vizinho pobre?
    Sinceramente arrependido por essa falta, decidiu ir sem demora confessar-se, para obter o perdão de Deus. Numa gruta próxima morava um anacoreta famoso por sua vida santa: dormia sobre a pedra dura, alimentava-se apenas de raízes e frutas da floresta e passava todo o tempo em oração. Lá se apresentou, como humilde penitente, o rico e poderoso Conde Guilherme.
    O santo ermitão o recebeu com bondade e ouviu atentamente sua confissão. Admirou-se por encontrar um homem com tanta retidão de consciência. E tomou muito a sério a confissão, pois qualquer pecado, por menor que seja, constitui uma ofensa a Deus. Deu-lhe alguns bons conselhos e acrescentou:
    Meu filho, como penitência, traga-me, no prazo de um ano, um ramo seco florido.
    Por fim, traçando um grande sinal-da-cruz, deu-lhe a absolvição de todos os pecados de sua vida.
    O conde, que tinha chegado triste e aflito, saiu com a leveza da alma purificada, disposto a cumprir a penitência, embora esta lhe parecesse muito estranha: trazer um ramo seco florido... Não seria mais razoável, pensava ele, o ermitão mandar-me retribuir ao vizinho cem vezes, ou mais, o valor do prejuízo que lhe causei? Na verdade, essa procura me parece insensata e inútil, mas, se o confessor mandou, é porque dela Deus quer tirar algum fruto. Qual será, não sei por enquanto.
    Assim, retornando a seu castelo, trocou as faustosas vestimentas por uma túnica de rústico tecido, pegou um cajado e saiu à procura do ramo seco florido.
    * * *
    Andou, andou por meses... Atravessou florestas, bosques, vales, montes, aldeias e cidades. Por toda parte encontrou galhos secos; floridos, porém, absolutamente nenhum! Aqui e ali perguntava a um transeunte:
    Diga-me, já viu um ramo seco florido? Os passantes olhavam-no com surpresa e se afastavam rindo, julgando tratar-se de um louco. Ele aceitava essas humilhações e as oferecia a Nossa Senhora para encontrar mais rapidamente o ramo seco florido.
    Um dia em que descansava sentado num bosque, viu-se cercado por um bando de assaltantes. Homem forte e valente, o conde pôs-se imediatamente de pé, disposto a enfrentar a quadrilha inteira. Mas... não tinha arma alguma, lá estava como simples pecador cumprindo penitência. Quando notaram que sua presa não passava, na aparência, de um mendigo, os bandidos puseram-se e rir e fazer chacotas.
    Por que você se fantasiou de espantalho?
    Sou um penitente.
    Ah, um penitente… Certamente você incendiou aldeias, matou crianças e velhos... Diga-nos, afinal, que crimes você cometeu?
    Joguei um monte de árvores secas na plantação de meu vizinho, prejudicando assim sua colheita. E o confessor mandou-me, por penitência, levar-lhe um ramo seco florido no prazo de um ano.
    Dando uma grande gargalhada, os bandidos se afastaram, à procura de presa mais lucrativa.
    * * *
    Um deles, porém, em vez de rir, saiu muito preocupado com o seguinte pensamento: “Por uma pequena falta, este homem recebeu dura penitência! E eu, o que mereço pelos meus roubos, assassinatos e tantos outros crimes? Quanto à justa punição nesta terra, não é difícil escapar, mas... e os castigos eternos do inferno?”
    Movido por esse bom sentimento, o salteador voltou e fez ao penitente maltrapilho um breve relato de sua criminosa vida. No final, suplicou-lhe:
    Não quero morrer sem me reconciliar com Deus. Tenha pena de mim, ajude-me!
    Comovido e contente por ver a graça atuando naquele miserável, o conde conduziu-o ao santo anacoreta.
    Este os acolheu com paternal bondade. O ladrão arrependido chorava sem cessar. E o nosso penitente, também em lágrimas, disse:
    Reverendo Padre, aqui está um pobre homem morto, pois perdeu a vida da graça; no entanto, deseja recuperá-la, recebendo de vós a absolvição. Quanto a mim, não consigo cumprir minha penitência: depois de um ano de procura, nada encontrei que se pareça a um ramo seco florido.
    O ermitão olhou-o com doçura e disse:
    Meu filho, este criminoso é um ramo seco pelo pecado, no qual nasceu a belíssima flor do arrependimento. E você foi o instrumento escolhido por Deus para plantar nele essa flor. Veja, aqui está um ramo seco florido, trazido por você!
    O Conde exultou ao ouvir essas palavras, pois compreendeu, num relance, que Nosso Senhor havia guiado todos os seus passos durante aquele ano inteiro de caminhada incessante. E que aquela procura de um ramo seco florido — aparentemente inútil e insensata — tinha um alto objetivo: encontrar uma alma morta pelo pecado e levá-la até a fonte da vida.

    Texto extraído da Revista Arautos do Evangelho

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