Além dos
favores que solicitamos na Santa Missa, Deus nos concede muitos
outros sem que o peçamos.
É o que
ensina claramente São Jerônimo: “Sem dúvida alguma, o Senhor nos dá todas as graças que pedimos na
Santa Missa, contanto que nos sejam de vantagem; mas, o que é mais admirável,
muitas vezes nos dá o que não pedimos.”
E muito
mais, ajunta São Bernardo, se ganha assistindo a uma única Santa Missa (se
considerar seu valor intrínseco), do que distribuindo a fortuna aos pobres e peregrinando
a todos os santuários mais famosos da Terra.
Que sucederia, no entanto, se fossemos à Santa Missa para conversar, por curiosidade ou para ter distrações voluntárias. Teríamos realmente assistido à Missa?
Foi o que
sucedeu a uma camponesa, que morava em uma aldeia pouco afastada da Igreja.
Querendo
alcançar uma graça importante, ela prometeu assistir à Santa Missa durante um
ano. Com esta intenção, todas as vezes que ouvia repicar o sino anunciando a
Santa Missa, em alguma Igreja dos arredores, largava imediatamente seu trabalho
e punha-se a caminho sem atender sequer às inclemências do tempo. De volta a
casa, para não perder a conta das Santas Missas assistidas, que tencionava
completar exatamente conforme se impusera, depositava cada vez uma fava em uma
caixa cuidadosamente guardada. Passou-se o ano, e ela, certa de ter cumprido a
promessa e alcançado muitos méritos, foi abrir a caixa. Ora, de tantas favas
que ajuntara, só encontrou uma. Surpreendida e consternada, invadiu-a um grande
pesar, e dirigiu-se a Deus, dizendo-lhe lacrimosa: Ó Senhor, como é possível
que, de tantas Santas Missas que participei, só uma se encontre de sobra? Nunca
faltei, a despeito do esforço a fazer, do mau tempo, da chuva, do frio e do
caminho ruim!
Deus então
lhe inspirou a ideia de contar sua infelicidade a um piedoso sacerdote muito
prudente.
Este lhe
perguntou de que modo ia ela à igreja, e com que devoção assistia ao santo
Sacrifício.
Então ela
disse-lhe que, no caminho só falava de negócios ou de diversões e passava o
tempo dos divinos Mistérios a tagarelar com um e outro, tendo o espírito
ocupado exclusivamente com sua casa e seus campos. “Aí está, lhe disse o padre,
o motivo de nada restar dessas Missas. A tagarelice, a curiosidade, as
distrações voluntárias vos roubaram todo o mérito. Satanás vo-lo roubou. Por
isso vosso Anjo fez desaparecer as favas, para vos mostrar que as obras mal
feitas, ficam perdidas. Dai graças a Deus porque, pelo menos, uma das Santas
Missas, foi bem assistida e vos trouxe frutos.”1
Quem sabe,
de tantas Missas a que temos assistido durante a vida, quantas foram
agradáveis a Deus?
1 Leonardo de Porto Mauricio. As excelências da Santa Missa
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