Louis Veuillot,
jornalista católico francês do século XIX, escreveu um
livro intitulado “Parfum de Rome” - O Perfume de Roma, onde
reuniu notas sobre uma de suas viagens à Cidade Eterna.
Nessa obra encontra-se o seguinte trecho - um inusitado diário de um penitente - que nos mostra
quão importante é termos uma vida cheia de piedade e de confiança
na bondade de Nossa Senhora e de seu Divino Filho.
“Num quarteirão deserto, nos muros de uma igreja,
Enrico [é o próprio Veuillot], copiou e traduziu para mim as
inscrições seguintes, traçadas a lápis por uma mão firme e
exercitada [portanto, é um anônimo que escrevia isto]: ‘No dia 14
de setembro eu me encontro com má saúde por minha culpa,
pela inquietação e pela desobediência. A partir deste momento,
onze horas da manhã, decidi, com a ajuda de Deus e de Maria
Santíssima, não mais me atormentar, e recuperar a verdadeira paz.
São José, rogai por nós. Um mês depois: 14 de outubro. Até este
momento ainda não consegui, ou melhor, não obtive o que escrevi no
dia 14 de setembro, mas agora decidi fazer tudo.”
Em nossa vida espiritual geralmente acontece de tomarmos
uma decisão e nos convertemos. Após um tempo verificamos que quase
nada progredimos. Em vez de desanimar à vista de nossa fraqueza,
devemos confiar na misericórdia de Deus, perseverando na oração
para cumprirmos todos os propósitos estabelecidos anteriormente.
“Dia 15 de novembro: renovo tudo aquilo que
prometi, a fim de chegar a executá-lo. Dia 23 de novembro: falhei,
mas prometi a mim mesmo, com toda a alma, de executar. Dia 28 de
novembro: decidi ser bom. Dia 31 de dezembro: quero obedecer sempre,
para agradar Maria Santíssima até a morte. 28 de janeiro: não há
mais inquietação, por amor a Maria Santíssima, e renovo hoje
aquilo que tinha deliberado no dia 1º de janeiro. Dia 1º de março:
Não. As inquietações cessaram. Dia 29 de março: Não mais me
atormentar, não mais pecar.
Nas duas últimas datas, a inscrição está
rodeada de um desenho que representa duas palmas formando uma cruz.
Devo confessar que estas declarações, feitas ingenuamente por uma
alma provada e enfim vitoriosa, não me tocaram menos do que se eu as
tivesse lido nas catacumbas, das quais elas parecem ter o perfume...”
É muito bonito o comentário de Veuillot, pois trata-se de uma alma que
em diversas oportunidades firmou boas resoluções, sem conseguir
mantê-las. Em seguida, renovava os bons propósitos e tinha novas
quedas. Afinal, à força de rezar obtém o que tanto almejava.
Depois de muito tempo e de vários insucessos, conquistou a vitória
na sua vida espiritual.
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