• sábado, 26 de outubro de 2013

    Diário de um penitente

    Louis Veuillot, jornalista católico francês do século XIX, escreveu um livro intitulado “Parfum de Rome” - O Perfume de Roma, onde reuniu notas sobre uma de suas viagens à Cidade Eterna.
    Nessa obra encontra-se o seguinte trecho - um inusitado diário de um penitente - que nos mostra quão importante é termos uma vida cheia de piedade e de confiança na bondade de Nossa Senhora e de seu Divino Filho.
    Num quarteirão deserto, nos muros de uma igreja, Enrico [é o próprio Veuillot], copiou e traduziu para mim as inscrições seguintes, traçadas a lápis por uma mão firme e exercitada [portanto, é um anônimo que escrevia isto]: ‘No dia 14 de setembro eu me encontro com má saúde por minha culpa, pela inquietação e pela desobediência. A partir deste momento, onze horas da manhã, decidi, com a ajuda de Deus e de Maria Santíssima, não mais me atormentar, e recuperar a verdadeira paz. São José, rogai por nós. Um mês depois: 14 de outubro. Até este momento ainda não consegui, ou melhor, não obtive o que escrevi no dia 14 de setembro, mas agora decidi fazer tudo.”
    Em nossa vida espiritual geralmente acontece de tomarmos uma decisão e nos convertemos. Após um tempo verificamos que quase nada progredimos. Em vez de desanimar à vista de nossa fraqueza, devemos confiar na misericórdia de Deus, perseverando na oração para cumprirmos todos os propósitos estabelecidos anteriormente.
    Dia 15 de novembro: renovo tudo aquilo que prometi, a fim de chegar a executá-lo. Dia 23 de novembro: falhei, mas prometi a mim mesmo, com toda a alma, de executar. Dia 28 de novembro: decidi ser bom. Dia 31 de dezembro: quero obedecer sempre, para agradar Maria Santíssima até a morte. 28 de janeiro: não há mais inquietação, por amor a Maria Santíssima, e renovo hoje aquilo que tinha deliberado no dia 1º de janeiro. Dia 1º de março: Não. As inquietações cessaram. Dia 29 de março: Não mais me atormentar, não mais pecar.
    Nas duas últimas datas, a inscrição está rodeada de um desenho que representa duas palmas formando uma cruz. Devo confessar que estas declarações, feitas ingenuamente por uma alma provada e enfim vitoriosa, não me tocaram menos do que se eu as tivesse lido nas catacumbas, das quais elas parecem ter o perfume...”
    É muito bonito o comentário de Veuillot, pois trata-se de uma alma que em diversas oportunidades firmou boas resoluções, sem conseguir mantê-las. Em seguida, renovava os bons propósitos e tinha novas quedas. Afinal, à força de rezar obtém o que tanto almejava. Depois de muito tempo e de vários insucessos, conquistou a vitória na sua vida espiritual.

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